Não é a primeira vez que estou na bancada de uma prova importante. E sei que não será a última.
Comecei em 1973 em Roterdão num Campeonato do Mundo. Com 21 anos feitos e depois de poupar algum dinheiro, ir a um Campeonato do Mundo sozinha em 1973 e sem conhecer o país, foi uma aventura.
Foi fantástico, havia alguns portugueses presentes muito poucos, mas também não os conhecia. Não havia ginastas Portuguesas. Enfim estive sozinha, e estive muito bem.
O que mais me ficou gravado na memória foi a Siberiana Galina Shugurova da União Soviética, a veterana da Bulgária Maria Guigova e a velocidade de execução das ginastas da Coreia do Norte.
Havia um exercício obrigatório de maças, que embora igual e repetitivo, testou-me para saber se realmente aquela era a minha modalidade. Os conjuntos de seis cordas prenderam a minha atenção desde o mais fraco até ao mais forte, nunca tinha visto nada que se comparasse.
Não vi as finais, havia que poupar, mas só o fato de estar ali já era muito bom.
A partir daquele momento comecei: a poupar dinheiro para o próximo Campeonato que se realizava dois anos depois, e a pensar como poderia também assistir aos treinos.
Seguiram se também da bancada mais dois Campeonatos, 1975 em Madrid com boicote dos países socialistas e nórdicos e 1977 já um campeonato com todos os países.
Seguiram sempre da bancada muitas competições Campeonatos do Mundo e da Europa, Campeonatos de Espanha de Conjuntos, Torneios Internacionais, Taças do Mundo, Test Event e Jogos Olímpicos.
(Campeonato do Mundo de 1991 em Atenas – Portuguesas na bancada assistir ao concurso II)
Ver uma prova da bancada da nossa modalidade é sempre uma experiência diferente. Não temos horários de treino a cumprir, vimos o que queremos (e o que podemos ver), podemos visitar a cidade e participar na sua vida cultural, e não temos responsabilidades. E a importância para a nossa formação como treinadora, é grande porque ver uma competição de perto não é a mesma coisa do que ver em vídeo.
Tenho boas recordações de bancada... E mesmo quando as recordações não são boas, ficam aprendizagens na Ginástica e na vida.
Abril de 2014 – Ida Pereira
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