quarta-feira, 2 de abril de 2014

Crónica de Helena Dias nº6

IMG_0004 (82)   Consegui finalmente assistir a um jogo da modalidade escolhida pelo meu filho mais velho. Em campo, encontravam-se 24 jogadores e as bancadas estavam quase completas, cheias de familiares e de público em geral. Poderão dizer que se tratava de futebol, o desporto mais popular do nosso país. Talvez fosse por isso… Gostaria de referir, no entanto, que o acesso ao jogo era gratuito.

   No mesmo recinto desportivo, mas no pavilhão, decorria um torneio de voleibol feminino dos escalões de formação. Entrei, curiosa, com vontade de descobrir a origem do barulho alegre que se ouvia, ecos de um convívio saudável e cúmplice. Constatei, então, que também aí as bancadas se encontravam repletas de familiares e de público, que gritava de entusiasmo, assim manifestando o seu apoio às duas equipas. Mais uma vez, verifiquei que o acesso era gratuito.

   Não resisti, nessa altura, a comparar a vivência desportiva aí observada com a da nossa modalidade, a ginástica rítmica. Pensei no ambiente que caracteriza as nossas provas, marcadas pela falta de entusiasmo, de alegria, por um silêncio enorme e triste. Isto não se deve à falta de apoio por parte do público, mas sim à falta de público em si.

  Analisando esta situação, verifiquei que, devido ao pagamento cobrado à entrada, com frequência por sessão, havendo muitas vezes mais do que uma no mesmo dia, apenas se encontram presentes alguns familiares das ginastas em competição. Estes, para além disso, limitam-se, não raro, a assistir à prestação da sua ginasta, sendo relativamente poucos aqueles que fazem o esforço de assistir à das colegas de clube.

   As competições, note-se, são uma das melhores formas de divulgar a modalidade. Se o acesso é pago, restringe-se a entrada a um público que pode trazer novos talentos para os clubes e assim enriquecer esta prática desportiva.

   Na difícil situação financeira atual do nosso país, a que se juntam as despesas relativas ao material desportivo, às deslocações, estadias, alimentação, o encargo das famílias ligadas à GR ameaça tornar-se incomportável.

  Lanço, aqui, um apelo à nossa federação para que analise e reflita sobre este assunto. Está ao seu alcance contribuir para que a nossa modalidade não se transforme num desporto caro e de elite. É necessário, para isso, atrair um maior número de adeptos, voltar a encher os recintos de apoiantes alegres e entusiastas, que não se vejam obrigados a escolher uma só sessão porque a sua carteira não pode suportar mais.
 
Março de 2014
Helena Dias

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