quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Crónica de Ida Pereira nº3

1ESTE MUNDO DE MULHERES!
Ao ver as fotografias do último Campeonato do Mundo de Kiev, lembrei-me deste tema.

Muitas vezes os problemas que existem na Ginástica Rítmica são explicados, por este desporto ser essencialmente um desporto de mulheres. Em que as treinadoras e juízes não se entendem porque são só mulheres. (Como se os problemas de relacionamento entre treinadores e árbitros não existissem em todos os desportos.)
E foi então que pensei, ser um desporto exclusivamente feminino não será uma vantagem para nós da Ginástica Rítmica?

E então lembrei-me de um livro publicado em 2010 pela Associação Portuguesa – Mulheres e Desporto. Da autoria da Cristina Almeida “TREINADORAS – Dirigir outros desafios”. Foi a 1ª vez que os dados referentes ao desporto no feminino e masculino foram recolhidos, estudados, tratados e apresentados de forma tão clara e objetiva. E pensando neste estudo e em alguns dos dados recolhidos até posso dizer que somos privilegiadas.

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Sabiam que nos desportos coletivos é raro uma mulher assumir o papel de treinador principal numa equipa sénior? Mesmo numa equipa sénior feminina? Sabiam que na Federação de Desportos Equestres onde 54,7% do total de atletas inscritos (2786) são mulheres, mas não existem mulheres juízes - os 653 juízes são todos homens.



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Afinal até temos vantagens!
Sou de uma modalidade exclusivamente feminina que ao longo dos anos foi pondo de parte os poucos treinadores masculinos que existiam, não por marginalização… mas de forma natural…

Sabemos que os treinadores são preferencialmente antigos praticantes da modalidade e se não há atletas masculinos na Ginástica Rítmica é natural que não haja treinadores homens… Como arbitro/juiz até há poucos anos só era permitido o acesso a cursos de formação a mulheres.

Mas o privilégio acaba aqui:
Diz-se que o desporto feminino é olhado de lado, e nesse livro, da Cristina Almeida, são apresentados dados e testemunhos muito significativos. E mesmo numa modalidade exclusivamente feminina, como é a Rítmica, sentimos essa…marginalização. Apesar de sermos um desporto Olímpico com duas vertentes distintas (Individual e Conjunto) ainda se considera a Ginástica Rítmica um Desporto Menor… A ginástica das fitinhas e das cordinhas… Só para meninas!

4Mas a GINÁSTICA (artística, rítmica, trampolins, aeróbica e geral) como podemos verificar nos dados apresentados em 2010 é um desporto principalmente FEMININO no qual:
81,2 % Dos atletas inscritos são mulheres,
88,8% De treinadores são mulheres,
E 85,1 % dos juízes também são mulheres

Mas quando chegamos aos dirigentes apenas 39,3% são mulheres… Podemos
acrescentar que num desporto maioritariamente feminino como a ginástica quem dirige são os homens… Se num desporto maioritariamente feminino é assim… o que será nos outros…

Portanto alegrem-se somos mesmo PRIVILEGIADAS!

Janeiro de 2014 – Ida Pereira

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