A responsabilidade de escrever uma crónica todos os meses tem que se lhe diga. Não imaginam os temas que já me passaram pela cabeça, para em seguida, depois de reflectir sobre eles, me questionar sobre se devo ou não publicá-los. Esta dúvida surge por certas questões serem consideradas tabu no meio da ginástica rítmica portuguesa. São do conhecimento geral, e até comentadas pelas pessoas do meio, mas instalou-se o medo de as abordar às claras.
A maioria das treinadoras e juízes está descontente com o que se passa a nível nacional na ginástica rítmica. Os métodos, caso existam, empobrecem e denigrem gradualmente a nossa modalidade.
No que diz respeito ao desenvolvimento desta prática belíssima, pouco ou nada se sabe. Não se aposta na formação de treinadoras e juízes, não se criam centros de formação para os escalões mais jovens, não se realizam encontros nacionais de treinadoras e juízes onde possa desenvolver-se uma reflexão em torno dos problemas da ginástica rítmica em Portugal. Enfim, não há conhecimento sobre o que está a ser programado pela federação.
Questionando a nossa Diretora Técnica Nacional acerca deste assunto, verificamos que esta não sabe responder, descartando-se da responsabilidade e do papel que deveria assumir de defensora da modalidade.
Ao olhar para o atual código adaptado, não entendemos em que pilares se baseia a sua estruturação, nem quais os objetivos que pretende atingir a longo prazo. Trata-se de um código muito redutor, sem rumo definido, e mais tarde a ginástica rítmica nacional irá colher os frutos daí decorrentes, para mal dos nossos pecados.
Questionando, de novo, a nossa Diretora Técnica Nacional, esta mais uma vez se descarta da responsabilidade, imputando a elaboração do referido documento à Comissão Técnica Nacional de Ginástica Rítmica. Pergunto, então: quem é essa Comissão Técnica Nacional de Ginástica Rítmica? Alguém saberá quem a constitui?
Note-se ainda a criação de Seleções Nacionais baseadas apenas em resultados de provas nacionais e suportadas com a apresentação de factos a que chamam critérios. Esses factos, ou critérios, como queiram, suscitam dúvidas consideráveis quanto à sua objetividade.
Para além disso, as treinadoras de clubes responsáveis pelas Seleções Nacionais não têm poder de decisão, nem responsabilidade, sobre o trabalho feito nessas mesmas seleções. Mesmo sendo elas quem apresenta, neste momento, as melhores ginastas portuguesas, as suas opiniões técnicas surgem em segundo plano, sendo todas as decisões tomadas e controladas por alguém que se esconde atrás de uma cortina escura, e que assim se escusa a dar a cara publicamente, mas que todos sabem quem é. Durante a totalidade da época desportiva, não existe nenhuma indicação técnica, nenhum controlo sobre o trabalho das ginastas das Seleções Nacionais nos seus clubes, havendo apenas encontros esporádicos denominados estágios. Pergunto: qual o interesse de tudo isto?
Em relação ao ranking de juízes apresentado, questiono-me sobre a sua veracidade. Pode ser assunto de nova crónica.
Dói-me muito ver regredir o trabalho nacional e internacional feito nestes últimos anos. Dói-me também constatar que todo o esforço feito a nível nacional se está a perder. Vamos, daqui a poucos anos, pagar um preço bem alto.
Fevereiro 2014
Helena Dias
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