“Com 80 anos de idade, os olhos de Albina Deriugina queimam com o mesmo fogo e intensidade como sempre fizeram, e o seu rosto revela um espírito jovem aparentemente sem idade. A coreógrafa lendária ucraniana continua a merecer o respeito de cada ginasta, que procura fazer o seu caminho no mundo, muitas vezes tortuoso e sempre misterioso da Ginástica Rítmica.
Albina Deriugina é uma figura que evoca emoções fortes e muitas vezes contrastantes, mas uma coisa é certa, ela é o coração pulsante de mulheres que praticam Ginástica Rítmica, e só pode ser admirada por todos aqueles que se maravilharam com a sua emoção e complexidade.
A FIG reuniu-se com ela durante o Campeonato do Mundo de 2013 em Kiev, para realizar este pequeno documentário.”
Albina Deriugina é uma figura que evoca emoções fortes e muitas vezes contrastantes, mas uma coisa é certa, ela é o coração pulsante de mulheres que praticam Ginástica Rítmica, e só pode ser admirada por todos aqueles que se maravilharam com a sua emoção e complexidade.
A FIG reuniu-se com ela durante o Campeonato do Mundo de 2013 em Kiev, para realizar este pequeno documentário.”
- Quando eu era criança eu fazia coreografias e sempre senti que que era uma coisa muito natural para mim. Eu divertia-me imenso. Eu sempre tive muitos alunos, muitas ginastas, mas o meu objectivo sempre foi fazer parecê-las bonitas, para que pudessem ser as melhores no desporto. A Ginástica Rítmica é o tipo de desporto que faz as raparigas bonitas e fortes fisicamente, ajuda a manter a forma e a mostrar graciosidade. Quando uma bailarina passa por nós, nós imediatamente percebemos que é uma bailarina. Quando uma ginasta passa, nós também percebemos logo, mesmo só pela maneira de andar.
A ginástica rítmica da Ucrânia exige muitas horas de treino, sempre debaixo do olho de Albina Deriugina. Em Kiev Albina gere a “Deriugina School”, onde as melhores ginastas do país se preparam para competições internacionais e olímpicas.
- Ao trabalhar com a nova geração, eu pergunto-me sempre, se serei capaz de ensinar novas ginastas. Eu coloco a mim própria essa questão para cada geração. Eu pensava que iria acabar depois dos Jogos Olímpicos em Londres. Irina, a minha filha, continua a perguntar-me: “Se não fores tu, quem vai trabalhar com elas?”. Eu amo o meu trabalho, eu amo crianças, eu sou muito dedicada às minhas ginastas, o trabalho é duro, mas eu adoro.
Desde criança Albina praticou ginástica rítmica, prestando sempre atenção às coreografias. Depois de estudar num instituto de desporto de Moscovo, ela passou a sua vida adulta a desenvolver a ginástica rítmica, primeiramente com a equipa soviética e depois com ginastas do próprio país. O seu objectivo é simples. Elas querem ser as melhores.
- Eu estava a aprender muito com as treinadoras principais da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas nessa altura. Elas eram coreógrafas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia … de todos os países da União Soviética, e estávamos todas a aprender juntas. Foi assim que, passo a passo, as ginastas ucranianas entraram para a equipa soviética. As ginastas ucranianas nunca estiveram fora do top3 em nenhuma competição soviética. Estávamos sempre, algures, entre o 1º e o 3º lugar: Moscovo, Ucrânia e Bielorrússia ou Ucrânia, Bielorrússia e Moscovo. Nós trocávamos os lugares de competição para competição, mas sobre tudo trabalhei com a equipa nacional soviética 20 anos.
Albina leva-nos numa excursão mostrando-nos os bastidores do seu edifício/pavilhão, mostrando as salas de treino, os balneários, onde as ginastas relaxam, onde dormem, ect. Na “Deriugina School” nada é luxuoso. Ainda hoje, Albina trabalha arduamente, ela é uma treinadora pessoal, directora da sua escola e desempenha um papel importantíssimo na federação. Mas o sistema de suporte da Ucrânia para com a ginástica rítmica pouco melhorou durante estes 30 anos. O financiamento para melhorar a escola ainda não deu sinas de vida.
- Não, estas condições não podem ser chamadas de boas porque a equipa nacional da Ucrânia devia ter a possibilidade de treinar num pavilhão muito melhor. Contudo, agora é difícil porque temos apenas umas horas disponíveis por dia num pavilhão diferente, enquanto aqui estamos desde as 8 da manhã até à meia-noite, e assim é que é, sem pausas. A Casa Principal é pequena. Uma vez, uma equipa de jornalistas japoneses veio filmar a “casa”, passado um pouco um deles veio ter comigo e disse: “Bem, já vimos isto tudo e agora será que poderia mostrar-nos a casa principal?” Eles não acreditavam que esta era a casa para toda a gente. Toda a gente pretende ajudar-nos, incluindo presidentes e ministros do país, mas quando a conversa fica mais concreta sobre a construção de uma nova casa, os problemas começam. O ministério altera a sua opinião ou o presidente dá um passo atrás.
As condições de treino podem não ser ideais, mas as ginastas da Ucrânia têm atingido um enorme sucesso em competições internacionais. Kateryna Serebrianska, medalha de ouro em 1996 nos Jogos Olímpicos, enquanto Anna Bessonova é uma campeã mundial com 2 medalhas de bronze olímpicas. Inúmeras ginastas vindas da “Deriugina School” têm ganho títulos europeus e as ginastas ucranianas são conhecidas por todo o mundo pela sua elegância.
- Então, é claro que pensamos: “Porque é que o nosso desporto é pior que outros? Porque é que não é um desporto olímpico?“ Nós trabalhámos muito e fizemos os possíveis para que a ginástica rítmica se tornasse um desporto olímpico. Eu sempre quis fazer das ginastas ucranianas as melhores, sou um pouco egoísta. Com um código de pontuação a ginasta é mais activa, mais emotiva, dança mais, no entanto uma criança pode ter habilidade natural para dançar enquanto outra não, é diferente devido à natureza. Não podemos fazer nada em relação a isso, só os treinadores devem ser pacientes e trabalhar imenso. Todas as gerações entre os principais países, Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Bulgária, são diferentes.
- Hoje em dia, o que eu tenho visto nas competições é bastante preocupante para mim, visto que eu não teria aceite tais acompanhamentos musicais. Os passos de dança requerem movimentos específicos, que são também o elo de ligação ao elemento seguinte. Às vezes a música com voz não é bem sucedida. Agora, eu não recomendaria a usar a música com voz, porque as ginastas devem aprender primeiro como fazer os passos de dança, os elementos corporais, etc e só depois disso é que devem ter voz nas músicas.
- Tudo o que está aqui é como chamo “Metais Simples”, mas é feito por humanos. A equipa que temos aqui é composta por verdadeiros profissionais, especialistas, para que possamos trabalhar com mais e melhor. Cada taça é muito importante porque foi ganha por uma equipa, e isso é muito comovente. Existem algumas taças muito específicas, que estão ligadas a eventos de ginástica rítmica muito específicos, outras são mais gerais. Eu só sonhei, no caso de termos uma nova instalação escolar, de criar um museu agregado à escola.
Hoje, Albina continua o seu trabalho, acreditando que mesmo nos tempos difíceis, as suas ginastas e o seu país se prevalecerão.
Tradução - Carolina Welbers e Joana Rosa
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